A arara-azul é, certamente, uma das aves mais bonitas que existem. Sua plumagem tem cores vibrantes, e ela é um animal muito dócil e simpático.
Só que, como grande parte dos pássaros silvestres de hoje em dia, ela também se encontra ameaçada de extinção. E isso por diversos motivos, desde a destruição de seu habitat natural, até a caça para vender essa ave como animal exótico de estimação.
Porém, se conseguirmos preservar a arara-azul na natureza, com certeza, estaremos contribuindo para a perpetuação de vida de um dos mais bonitos e interessantes pássaros existentes na natureza. E é sobre ela que falaremos a seguir.
Algumas características e comportamentos da arara-azul
Dentre todas as espécies de arara que existem, a azul é a maior. Elas podem ter quase 1 m de envergadura nas asas, e pesar mais de 1,5 kg. Também podem viver até 50 anos ou mais, habitando no sul do Brasil e na parte oeste da Bolívia.
Elas são do tipo de aves que viajam juntas com frequência, mas, em pequenos bandos que vão de 1 a 8 pares de araras-azuis mais ou menos. Interessante notar também que, quando estão unidas, elas se comunicam, “chamando” umas às outras em voz alta.
Quando estão soltas na natureza, essas aves costumam migrar para montanhas compostas de argila, popularmente conhecidas como “lambidas de arara”.
Além disso, quando as araras-azuis são perturbadas, em especial pela proximidade de algum predador, elas gritam bem alto, e também voam em círculos para avisar às suas companheiras da proximidade de algum perigo.
Em pleno voo, essas aves são majestosas, e atingem uma velocidade de até 56 km/h. Além disso, são brincalhonas e bem curiosas, conseguindo imitar vocalizações humanas de maneira bem natural, como os papagaios fazem.
Em se tratando de alimentação, comem sementes, frutas, nozes e bagas. Inclusive, para intimidar a ação de predadores, elas se alimentam em grupo, sempre deixando um dos membros do bando encarregado da vigilância.
Como se dá a reprodução dessa espécie?
Uma das principais características no comportamento das araras-azuis é que elas são monogâmicas, ou seja, ficam com um parceiro para o resto da vida.
Quando os pares se formam, os ninhos são construídos no topo de palmeiras e outras árvores de grande porte, pois, dessa forma, os filhotes estarão mais seguros.
Importante destacar também que essas aves são fieis aos criadouros, podendo ficar anos e anos no mesmo tronco de árvore, cuidando de toda a família.
As araras-azuis começam seu período fértil aos sete anos de idade, colocando cerca de 2 ovos por ninhada.
Mesmo assim, é mais comum que apenas um sobreviva com o passar do tempo. Isso porque os ovos dessas aves estão sujeitos à deterioração ou ao ataque de outras aves, como é o caso dos tucanos.
A incubação é de de cerca de 28 dias, e é o macho o responsável por trazer comida tanto para a fêmea, quanto para os filhotes quando estes nascerem.
Habitat natural e conservação
Um dos principais habitats naturais da arara-azul são os cerrados que ficam na periferia das florestas tropicais. Porém, ela também pode ser encontrada em pastagens e regiões onde haja pouca floresta.
Como diversos animais silvestres que vivem nesses lugares, a arara-azul também está ameaçada de extinção. Hoje, estima-se que existam entre 2.500 e 5.000 araras-azuis soltas na natureza nos dias de hoje.
Os motivos para essa ameaça de extinção são muitos, como a destruição do seu meio ambiente, o comércio de penas e comida, e a caça generalizada de comércio de animais de estimação.
Isso sem contar os problemas naturais que ela enfrenta em seus habitats, como predadores, que se alimentam de ovos e filhotes.
Felizmente, essa ave faz parte de diversos programas de conservação inaugurados nos últimos anos. Bons exemplos disso: Species Survival Plan e World Wildlife Fund-Brasil.
Este último, por sinal, está há mais de 10 anos com o Projeto Arara Azul. Esse projeto tem como base monitorar vários espécimes, criando ninhos artificiais e trabalhando em parceria com donos de terra locais para proteger essa espécie.
Jardineiros naturais
A arara-azul não é só um animal bonito e exótico por natureza, mas também possui funções bem importantes para o equilíbrio natural no meio ambiente em que vive. E um desses benefícios que essa ave traz tem a ver com seus hábitos alimentares.
Por comer frutos e sementes aos montes, é inevitável que boa parte desses alimentos seja “desperdiçada”. Em outras palavras, enquanto as araras-azuis estão comendo, muitas sementes e grãos caem no chão. E isso possibilita ajudar no nascimento de novas plantas.
Em pesquisa muito recente, descobriu-se que duas espécies de araras-azuis ajudam a espalhar 18 tipos diferentes de sementes entre o Brasil e a Bolívia. Com observações indiretas e fotografias, pesquisadores que fizeram esse estudo registraram nada menos que 1.700 eventos de dispersão de frutos e nozes.
Inclusive, há duas grandes espécies de araras azuis vivas na natureza hoje: a arara-azul-grande (Anodorhynchus hyacinthinus), e a arara-azul (Anodorhynchus leari). E foram estas as observadas no experimento.
Curiosidades a respeito da arara-azul
É interessante ver como animais e plantas na natureza se adaptam a todo o momento a depender das necessidades.
Um bom exemplo disso são as árvores que dão as nozes e os frutos que as araras-azuis comem. Para evitar a investida dessas aves, as cascas dessas nozes foram ficando cada vez mais duras, ao passo que o bico das araras passou a ser mais potente.
Como já não bastasse essa dificuldade, alguns frutos ainda são venenosos. Pra evitar contaminação, as araras-azuis comem argila, que ajuda a neutralizar boa parte das toxinas.
Além disso, estamos falando de uma ave bastante inteligente, que pode ser comparada a uma criança humana pequena no que se refere à solução de problemas simples. Comportamentos básicos de uso de ferramentas já foram catalogados.
Um desses comportamentos, por exemplo, pode ser pegar uma folha para impedir que as nozes que a arara esteja tentando comer não caiam no chão.
Pois é, a arara-azul é uma ave bastante peculiar e bonita, mas, que está ameaçada de extinção. Ao mesmo tempo que cientistas e pesquisas estão se esforçando para salvar esse pássaro do desaparecimento. Resta torcer para que consigam.
Fonte: seaworld, southquestsafaris, lafeber, forbes, animalia